terça-feira, 8 de setembro de 2009

V >> Evolução
”O tempo é o remédio para todos os males... (Sêneca)”

Nunca a humanidade foi tão pacífica, organizada, concisa. Todos os conflitos se acabaram. Todos os crimes, expurgados. Agora tudo o que reina é a paz.

O último mal foi derrotado. Aquele que conheciam como Lorde Vairon, último da linhagem de uma humanidade primitiva, arruinada, perdida em seu próprio ódio caótico. Ele quis reivindicar a nobreza de outrora, daqueles que se destruíram no passado. Mas claro, não posso contar como a história continua, sem contar como começa.

A humanidade que reinava sobre a Terra se consumiu em sua própria ganância de poder. “Criamos a cura para todos os males”, afirmavam eles. Uma cura para as doenças mais mutilantes, e macabras. Terminaram com o sofrimento, a fome, progrediram como nunca naquele tempo. Realmente admiráveis. Eles a chamavam de “Esperança de Pandora”, o último mal que existia na caixa de Pandora, a primeira mulher da humanidade. A cura era perfeita, curava desde os problemas psicológicos mais profundos, até o câncer. Perfeita, humana, falha. Gerou não apenas a felicidade, mas também o maior sofrimento de todos à sua raça. A Mutação consumiu os seus, e seus descendentes. Tudo consumido por sua criação.

Pouco a pouco morreram. Uns pelo ar, alergias profundas que começavam de repente e se aprofundavam a cada segundo. Poucos minutos eram suficientes para dissolver seus corpos e torná-los pó. Outros mutilados pelo sol, suas peles finas como seda, dissolviam-se a luz como cera. E com outros foi pior. Ao tomarem água, o solvente universal e fonte de toda a vida da Terra, dissolveu seus corpos de dentro para fora pouco a pouco, provocando dores lancinantes e intermináveis. Em suma, todos que tomaram a “Esperança de Pandora”, sucumbiram. A cura perfeita tornara-se a mais mortal e destrutiva arma de todas. A falha dos homens se transferiu para sua criação, e a vontade do homem de ser Deus, chegara a seu ponto final.

Mas a criação de Deus, falha e perfeita, feita para superar e se adaptar a tudo, superou sua própria falha. Poucos sobraram naquela época, mas suas proles superaram a deficiência, se tornaram mais resistentes. Não somente à falha humana da cura, mas também a todas as outras. Eram perfeitos, mas ainda humanos.

Em pouco tempo, os novos filhos do homem cresceram, se organizaram sobre as regras e bases da antiga humanidade. Mas não era o suficiente. “Os antigos”, como passaram a ser conhecidos os mutantes do passado, não se adequavam à nova humanidade, havia muitas diferenças entre eles. Os filhos da nova terra deviam se organizar de outra forma. Os antigos sistemas de governo não eram bons, tampouco os de educação, economia, saúde (como se eles precisassem), e enfim, tudo que os cercava era ultrapassado. Tomaram novos rumos, novas terras, novas pesquisas, novas tecnologias, um novo mundo. Isolaram seu passado em uma terra única cercada por muros, que chamaram de “Mort Trecut”, o passado morto. Além do muro, criaram uma vacina para esterilizá-los, impedindo sua reprodução, suas desculpas eram convincentes, seus objetivos, porém, mais humanos que nunca. “Para um bem maior”, diziam.

Criaram um novo sistema de governo, mais sólido e estável, mais democrático, que chamaram de Neo-Monarquia, com seus postos e suas leis. Um novo sistema de ensino, mais progressista, mais ordenado. Um novo país, e uma nova ordem. A Ordem. Seu conhecimento fez o mundo se regenerar. Recuperaram a natureza, o mundo fora recuperado das cicatrizes que os “Mort Trecut” deixaram. Eram admiráveis. Retomaram o mundo que era seu por direito e mérito.

Mas a criação ainda assim era falha, estava a cada geração retornando às suas origens mais primitivas. Queriam permitir uma igualdade total, e resolveram então se regenerar com os “Mort Trecut”. Resolveram abrir os portões. O que encontraram: apenas animais. Selvagens! Primitivos! Sua criação era se mostrava novamente falha. Sua vacina esterilizante, aliada à mutação constante da “Esperança de Pandora”, os fez regredir na evolução, das formas mais inusitadas e horrendas. Monstros! Abominações!

Dentre eles, surgiu um líder do passado. Lorde Vairon, era como se intitulava. A mutação não havia lhe dado a melhor das aparências, mas lhe deu poderes sobre-humanos. Não somente a ele, mas à Ordem também. Esse poder era conhecido como “A Dobra da Criação”. Dobrar e manipular os elementos da Terra como lhe convinham. E isso, os “Mort Trecut” e a Ordem com “A Dobra da Criação”, só poderia resultar em uma coisa: Guerra.

Muito tempo se passou desde o nascimento da “Esperança de Pandora”, da Grande Mutação, do muro dos “Mort Trecut”, e do nascimento da “Dobra da Criação”. A guerra ainda não terminou. E talvez nunca acabasse, se não fosse a pequena Sobrevivente. A sim, apenas uma criança. A mais forte de todas. A real “Esperança de Pandora”. Derrotou Lorde Vairon sem nenhum esforço. Incrível! Inacreditável! A pequena triunfou sobre o Lorde dos “Fastem-Imobilo”. Eles se amedrontaram, fugiram, e se refugiaram atrás dos muros novamente. Há seis anos a paz reina na segunda era da Ordem. Mas agora novos rumos começam a se formar, a paz começa a se tornar desconfiança, está calmo demais, e isso é inquietante. O Mago da Terra está buscando a Sobrevivente, que esteve em segurança, fora de vista por esses dias de glória.


Na evolução das espécies, só os mais fortes sobrevivem... Lorde Vairon, o perverso líder dos "Mort Trecut", nasceu da falha do homem em tentar ser Deus. Por ora derrotado. Sua maldade supera as linhas lógicas... Ele irá retornar. Quando? Como? Onde? Por que? Essas são perguntas que só poderemos responder na futura aventura de Ariana em Aizenora.

2 comentários:

Miriam disse...

Nossa, que complexo! Como você tem uma imaginação fértil! Realmente nasceu para ser escritor.Estou admirada.

Diego Janjão disse...

Mano!

se eu num fosse tão preguiçoso!

essa história, que vai virar um livro, iria virar uma HQ!