sexta-feira, 17 de julho de 2009

III >> O tropeço com o estranho
"Dentre os desconhecidos, existem aqueles que mudarão nossas vidas..."

Estava um dia claro em Mohria, o sol alto, brilhando forte, e algumas poucas nuvens no céu além-mar. Já se passaram 6 anos desde a "Batalha da Sobrevivente", mas por incrível que pareça, ninguém mais comentava, nem em sussuros, pela fenomenal atuação da Ordem para encobrir os fatos...
Ariana, era uma menina pequena, meio franzina, mas muito esperta, e estava por se meter no jogo de quartz dos meninos de sua vila em Mohria. Ariana se relacioava bem com os meninos, já que só fazia coisas de menino, como jogar bolas, lutar, jogar quartz (que era seu jogo favorito), e ainda por cima, era cúmplice de outros garotos na hora de atazanar as outras de seu gênero. Ela mesma não sabia de seu passado, isso não pela atuação da Ordem, mas pela atuação de sua madrinha, Fêmora.
Ariana tinha crescido, mantinha seus cabelos louro-prateados que chegavam até a cintura, e reluziam ào sol, muito desgrenhados e sujos. Era relamente baixa, e com olhos de ressaca, muito dissimulada e discurssiva (não parava de falar, enquanto não conseguia o que queria, como uma autêntica criança de 6 anos...). E entre os garotos, em uma discussão quase aos berros ao lado de uma pequena fonte numa praça, ela no centro do círculo de garotos entroncados, a discursar como uma ministra-lord da cúpula de Aizen:
- Eu vou entrar no time sim, porque vocês estão precisando de mais um jogador e eu sou ótima neste jogo! - disse Ariana, com uma voz grave mas ainda assim, angelical de uma menininha de seis anos.
- Não vai não - disse um garoto alto e moreno na sua frente -, você não vai jogar.
- Por que não?
- Nõs somos bem maiores que você e vamos acabar te machucando. Além disso eu não quero mais sermões da tia Fêmora por te esfolar.
- Deixe ela se esfolar pra valer Junto - disse um outro menino gordinho às costa de Ariana -, assim ela vai aprender a não se meter no time dos outros.
- Não se meta na conversa Sitio - disse Ariana, virando de repente e enpunhando seu indicador no rosto do menino gordinho, que diga-se de passagem, era quase o dobro da altura dela -, nós não te chamamos pra dar opinião nenhuma!
- Já chega vocês dois - disse Junto -. Ariana, você não vai jogar e ponto final. Quanto a vocês todos, vamos jogar logo!
Ariana pestanejou, cruzou os braços, bateu os pés e gritou, como uma autêntica criança que não consegue o que quer:
- Isso não é justo!
Vendo que sua manha não tinha resultado em nada, virou e começou a descer a ladeira até sua casa, para "requerer seus direitos", como ela dizia. E o mais incrível era isso: uma criança de seis anos que sabia "requerer seus direitos". Com certeza, Ariana era um prodígio, com muitos talentos para o mal, é claro, mais ainda assim um prodígio.
Chegando ao pé da ladeira, correndo, deu de sopetão que a fez virar pra cima. Caiu, mas o estranho poste com quem tinha trombado a pegou a tempo de não bater de cabeça no chão. O estranho disse em uma voz grave e paterna:
- Você não deveria andar por ai correndo, menininha.
Ao ouvir isso, Ariana disparou seu instinto mais agressivo: não suportava que ninguém a chamasse de "menininha". Abriu um olhar azul de predador, fixou os olhos muito verdes do estranho, que estavam meio perdidos em seus cabelos muito negros à luza do sol, e disse em um tom muito mal-criado:
- Não sei aonde você está vendo uma menininha!
- Nossa, que menina nervosa - disse o estranho.
- O que você está fazendo no meu caminho, afinal?
O homem que estava com um sobretudo preto simples embaixo daquele sol de meia estação, a pôs de pé e disse:
- Calma, eu só vim visitar uma amiga, ela se chama Fêmora, você a conhece?
- Ela é minha madrinha - com uma mudança súbita de expressão, que passou de prepadora para protetora -, por quê, quem é você?
- Sou um velho amigo dela, me chamo Aiizac.
Aiizac, finalmente retornara de seu exílio, e agora estudava Ariana com uma expressão de muita curiosidade. Como alguém que visse algo inacreditável, e que afinal era verdade, pois ele tinha deixado Ariana quando era apenas um bebê.
- O que você quer com ela?
- Apenas conversar - disse Aiizac em um tom muito calmo -, mas me diga, você é Ariana, não é?
- Como sabe meu nome?
- Vamos até sua madrinha, e lá eu te explico tudo.
Aiizac a pegou pelo braço, e foram juntos caminhando até uma casinha ali perto, muito simples, e velha, e Ariana, como a criança curiosa que era, já disparava um olhar penetrante em Aiizac, enquanto caminhavam, ao mesmo tempo que disparava várias perguntas que Aiizac respondia apenas com um sorriso.
Tudo estava por mudar para Ariana a partir daquela conversa entre Aiizac e Fêmora.

E um agradecimento especial ao Diego, pela divulgação do blog. Vou retribuir o favor, Janjão! Visitem http://janjaocomics.blogspot.com/!
E claro a Miriam pela força, e pela revisão ortográfica. Não existe professora de português melhor!

Descubram qual foi a conversa entre Aiizac e Fêmora que mudou a vida de Ariana no próximo capítulo!

II >> Em Mohria
"Nunca espere ser bem-vindo quando trazes más notícias..."

Mohria, era um arquipélago de três pequenas ilhas de pescadores, seu povo era simples porém tinha uma força de trabalho descomunal, além é claro de uma mania de fofocas surpreendente.
Chovia um pouco, era um tempo ameno com algumas nuvens no céu, com uma névoa por sobre o cais do porto, os primeiros raios do sol dispontavam por sobre a montanha que sombreava o porto, e em pé como uma estátua, se encontrava uma velha senhora, já com seus cabelos prateados, mas que mostrava em seu rosto vivido, um ar muito invejável de extrema juventude, e era também muito magra, visivelmente passara muito tempo comendo pouco. O mar estava calmo, e um pequeno barco chegava devagar. Quando o pequeno barco atracou, um homem forte, com um sobretudo preto simples, e olhos muito verdes, saiu de dentro do barquinho com um embrulho amassado em seus braços. Era Aiizac. A velha senhora abriu um sorriso de alegria ao ver Aiizac com o embrulho amassado, e com uma voz rouca e serena, disse:
- Até que em fim, A Sobrevivente!
- Não diga isso Fêmora - disse Aiizac -, ela escapou por pura sorte, e não por habilidade.
- Ora - disse Fêmora com uma voz esguaniçada de deboche -, não é você Aiizac, que sempre diz que "...não importam as qualidades, mas as decisões..."?
- Digo sim, mas que decisões essa pobre poderia tomar?
- Nenhuma com certeza.
- E então, preparada para criar mais uma heroína?
- Preparada sim, mas começo a temer pelo tempo que tenho aqui.
- Bobagem Fêmora. Você já é velha desde que a conheço, e ainda está viva.
- Sei que não parece Aiizac, mas começo a sentir isso. Esta guerra me enfraqueceu muito, mas graças a essa pequena, acabou.
- Sinto discordar minha amiga, mas está enganada. Se tivesse acabado, não traria ela para você. Temo pela segurança dela. E sinto muito por te explorar mais uma vez.
- Se sentisse mesmo não a traria uma criança tão nova para uma velha cuidar.
Aiizac entregou a pequena menina para Fêmora, e disse:
- Boa sorte.
- Diga-me, Aiizac - disse Fêmora -, qual o nome dela?
Aiizac olhou profundamente nos olhos de Fêmora, e disse:
- Esta pequena se chama Ariana, era o último desejo de sua mãe...

Ariana vai crescer e em breve Aiizac retornará para mudar sua vida.
Descubra como isso vai acontecer no próximo capítulo!

I >> A Sobrevivente
"Não são os talentos que fazem o herói, mas suas decisões..."

Era uma sala pequena, escura, para não se discutir às claras, tinha contra a porta do lado oposto, uma mesa de madeira longa e larga, para reuniões, com seis cadeiras de estofados fofos de veludo vermelho, e ao fundo, uma lareira acesa onde crepitava um fogo azulado, meio sereno, estranho aos olhos. De um lado da sala, altas janelas que chegavam ao teto quase invisível, sem cortinas, por onde entrava a luz de três grandes luas no céu meio encoberto, bem onde se via que a pouco chovia.
Eis que de repente, entram na sala, quatros pessoas a passos largos. O primeiro estava ensopado da cabeça aos pés, era um homem forte, usava um longo sobretudo preto simples, aberto, que chegava à altura dos joelhos, e com seus cabelos pretos curtos, tinha um ar de preocupação e alívio, como se acabasse de vencer uma guerra, mas estivesse à espera de outra, seus olhos muito verdes, se destacavam na escuridão. O segundo era baixo, gordo, pernas curtas, quase correndo para alcançar o primeiro, usava uma capa verde musgo por sobre os ombros e um chapéu de mesma cor ridícula e escandalosa, escondendo os poucos cabelos oleosos, rebeldes e amarelos, ofegante, desesperado, como se estivesse com o pai à forca. O seguinte era mulher, anormalmente alta, magra, quase esquelética, com seus cabelos prateados, que se destacavam ào vestido vermelho vivo do pescoço àos pés. Segurava em sua mão direita uma bengala que mais parecia um tronco de árvore, dourado e coberto de jóias, e em sua mão esquerda, trazia um grosso livro de páginas douradas e capa de couro vermelho como seu vestido. O último, um homem mediano, realmente velho, com cabelos muito brancos, e óculos quadrados encarapitados em seu grande e estreito nariz oleoso, estava com uma túnica branca, e botas igualmente brancas, mantinha as mãos à altura do umbigo, como se estivesse segurando uma prole, e tinha um ar de sabedoria, porém muito preocupado.
O homem baixo disse, com uma voz fina e trêmula:
- Aiizac, é verdade o que aconteceu, nas docas?
- Ora é claro que não, Mongo - interveio a mulher alta, com uma voz estranhamente grossa e masculina.
- O que aconteceu, aconteceu daquela maneira, e não poderia acontecer de outra. - disse calmamente o homem de branco ao ver as expressões de indignação de todos ao se sentarem. - Agora nós temos que nos preocupar com o futuro da menina.
- Claro que a Ordem, não perderia a chance de interferir no futuro de uma vítima vitoriosa pela sorte, como a pobre menina, não é Milo. - disse o homem de preto com um tom de desafio.
- Ei Aiizac, você como um membro da Ordem, devia ter um mínimo de respeito.
- Escute Milo, ser um mago da Ordem não foi uma opção.
- Se vocês puderem deixar as discussões de casal de lado por um momento - disse em um tom cínico, a mulher alta -, talvez possamos decidir o que fazer.
- Você tem toda a razão Árgora - disse Aiizac -, bem, eu já pensei em algumas possibilidades.
- Não está pensando em colocá-la longe de vista, como faz com tudo não é Aiizac? - perguntou Milo - Bem, essa é a sua especialidade, não é?
- Às vezes Milo - disse Aiizac -, temos que tomar a decisão certa, e não aquilo que nos torna famosos. O que não é o seu caso...
- E o que você sugere, Aiizac? - disse Árgora.
- Vamos enviá-la para Mohria. Lá ela estará segura. Vamos dar a ela uma vida comum, longe deste caos, e além disso, não acredito que Vairon sumiu de uma vez. Ele vai voltar.
- De que lado você está Aiizac? - disse Milo.
- Do lado certo, Milo - respondeu calmamente Aiizac.
- Então está decidido - disse Mongo -, vamos enviar um mensageiro para os mohrianos, e...
- Não temos tempo para diplomacias, Mongo - disse Aiizac -, as docas não são um lugar muito discreto... Com certeza os agentes de Vairon estavam à espreita.
- Mas por que você pensa assim Aiizac? - disse Árgora - Nós vasculhamos todas as docas, não havia ninguém, só a menina. Nossas tropas de Sentinelas, estavam lá, viram tudo.
- Eles se assutaram com o que viram e saíram correndo - disse Aiizac -, como os covardes que todos sabemos que são.
- Lá vem você novamente dizendo que eles são mais bem preparados que nossos Sentinelas, Aiizac - disse Árgora.
- O que importa, Árgora - disse calamamente Aiizac -, como eu sempre digo, não são os talentos que fazem um homem, mas sim, suas decisões.
- Tudo bem então - disse Mongo -, chegamos a um acordo, vamos enviá-la a Mohria.

Um agradecimento a todos que queiram acompanhar a história

Descubra qual o destino d'A Sobrevivente no próximo capítulo...