- Ariana acorde, rápido.
- O quê?
- Vamos temos que sair daqui.
Ariana sentiu as mãos fortes de Aiizac a segurando, e quando foi abrindo os olhos, deu de cara com olhos muito verdes. Era tudo um sonho, o sonho que Ariana mais gostava, mas sempre alguém a acordava no melhor momento.
Ariana se pôs de pé e Aiizac já estendia sua mão para a parede a esquerda, quando uma porta abri no nada. Ariana despertou rápido, o peixe que havia almoçado estava lhe pesando um pouco no estômago. Aiizac estava nervoso.
- Vamos agora, estamos sendo atacados.
- Atacados? Por que?
- Por sua causa. Mas não se preocupe, já vamos acabar com isso.
Aiizac saiu pela porta e Ariana o seguiu. A nave era singularmente sem graça. Não havia nada dentro dela, era completamente branca. Uma visão, talvez do céu, ou algo parecido. Aiizac caminhou rápido e firme para a frente da nave, estendeu sua mão denovo no ar e um alçapão desceu do teto. Lá fora, Ariana enxergava o céu azul chapiscado de branco, que passava depresa. Aiizac subiu no alçapão e fez um sinal com as mãos como se estivesse levantando algo no ar, o alçapão subiu, e Aiizac sumiu por ele. Ariana ficou ali, parada sem saber o que fazer ou para onde ir.
Foi quando lhe veio a ideia de conhecer a nave. Começou a caminhar lenta pelo espaço branco e estendeu a mão no ar, como viu Aiizac fazendo. Nada. Tentou novamente, agora com as duas mãos como Aiizac tinha feito a pouco. Também nada. E então tentou o mesmo movimento, mas desta vez para baixo. Sentiu o chão se abrir sob seus pés e caiu. "Vou morrer" foi o que pensou. De repente parou no ar. Não sentia o vento passar por seu corpo. Olhou para baixo e viu o mar passando depressa, e quando olhou para cima viu o quadro por onde havia caído e acima a sala branca da nave.
De repente, viu passando ao seu lado muito rápido um homem vestido de preto. Quando chegou na parte da frente da nave, foi atingido por uma pedra, e logo depois Ariana viu Aiizac caindo em cima da pedra voadora. Aiizac saiu voando em cima da pedra, e passou ao seu lado direto para tras sem sequer ver Ariana na caixa invisível pendurada do lado de fora da nave.
Atrás de Aiizac desceu outro homem vestido de vermelho, e de seus pés, saiam duas tochas de fogo. Como um foguete, o homem de vermelho voou pelo ar mas diminuiu quando viu Ariana ali parada imóvel. Abriu um sorriso amarelo e seus olhos ficaram vermelhos, enquanto vinha em direção a Ariana.
Ariana entrou em desespero, não sabia o que fazer e agora não sabia para onde ir, nem como entrar denovo na nave, onde era seguro. Quando viu o homem chegando perto a única coisa que conseguiu fazer foi estender as mãos a frente, como que para parar o inimigo. Soltou um grito e quando abriu os olhos, não havia mais inimigo. Olhou estupefata para a sua volta e nada. A luta pareceu ter terminado. Aiizac apareceu ofegante no óculo da nave, estava exausto, pingando suor. Fez um gesto rápido no ar e Ariana foi levantada, e o buraco no chão desapareceu. Aiizac a pegou nos braços, olhou em volta e foi direto a parede, estendeu a mão, e quando a abertura da cabine apareceu, entrou rápido. Colocou Ariana com cuidado no sofá e disse apenas:
- Nem uma palavra. Fique aqui, eu já volto.
E saiu pela abertura e imediatamente a mesma se fechou às suas costas. Ariana respirou com mais calma agora, e enquanto se acalmava do susto, pensava se tinha aborrecido seu tio.
Depois de alguns instantes, Aiizac retornou, já mais descansado e arrumado, e disse:
- Vamos Ariana, já vamos pousar, quero que você troque de roupa.
Aiizac levou Ariana para uma sala anexa à cabine, e lhe deu uma troca de roupa. Quando Ariana estava prestes a colocar a muda, percebeu que era apenas um sobretudo preto simples, muito grosso, idêntico ao de Aiizac. Pensou consigo "mas o que é isso, agora ele quer que eu ande por ai com isso?". Como se Aiizac tivesse ouvido seus pensamentos, respondeu:
- Vamos Ariana, eu sei que não é muito bonito, mas você não pode ser vista lá fora.
Ariana se sentiu um pouco constrangida, mas colocou o sobretudo depressa, e logo que saiu, Aiizac pegou em sua mão e a levou para fora. Finalmente a viagem havia acabado. Ariana tinha muitas perguntas a fazer, mas a cada nova pergunta que adicionava em sua lista, se lembrava o que Aiizac dissera: "Não converse com ninguém, e só converse com quem eu disser que é confiável". Não podia deixar de pensar que isso era muito protetor, como sua madrinha Fêmora dizia tantas e tantas vezes, mas depois do que vira nos ultimos momentos, tinha certeza de que não era bem vinda, e era melhor ficar quieta.
Agora a rampa de desembarque descia para o chão e finalmente Ariana conheceria seu destino. Uma luz muito forte entrava na nave, uma luz mais forte que a da própria nave, e Ariana estava ansiosa e muito mais amedrontada pelo seu destino.