quinta-feira, 12 de novembro de 2009

VIII >> Nova casa, nova vida...
"Meias verdades ainda são mentiras inteiras..."

Ao sair para o ar puro, Ariana ainda tremia pelos últimos acontecimentos, e agora com uma luz muito forte em seus olhos, ficava evidente que não queria estar ali. "Devia ter ficado com a madrinha", pensava. Mas agora tudo estava terminado, ou melhor, tudo estava consumado, pois Aiizac e ela finalmente chegaram em Aizenora.
Ao descer e pôr seu pé em terra firme, notou que ainda estava em uma redoma. O helioporto de Aizenora era um cubículo redondo, e o mais incrível, era o fato de apesar de pequeno, comportava todas as SETAs, as naves do Serviço Especial de Transporte Aéreo, de Aizenora. Tudo aquilo comandado pelo Mago do Ar, Milo, que agora descia ao seu lado. Aiizac ainda se mantinha agarrado em sua mão e a guiava até a saída, quando um homem baixo, gordo, com uma capa verde musgo extremamente escandalosa correu ao seu encontro, e apesar de ser o seguinte no comando abaixo de Aiizac no comando do maior exército de Aizenora, o exército de dobradores de terra, Mongo era muito ansioso e alarmado. Todos diziam que era por causa das seguidas ameaças de destruição de Aizenora, que era responsabilidade do exército da terra combater.
Mongo estava ofegante como sempre, e disse aos sopros:
- Aiizac... precisa correr... ataque na ala leste... pensei que... vocês estivessem...
Mas antes de acabar, Aiizac o interrompeu:
- Fique calmo Mongo, estávamos lá sim, fomos atacados, mas estamos todos bem. E agora se puder me dar a licença, estou com um pouco de pressa.
E com isso deixou Mongo para trás, entrando por uma porta que se continuava por um corredor na penumbra. Andaram muito e logo depois Aiizac parou, estendeu a mão no ar, e uma porta se abriu, por onde ele e Ariana entraram. Aiizac apertou um botão e a porta se fechou. Com um soco, Ariana sentiu que estavam subindo. Era afinal um elevador.
Depois de uma longa e tortuosa subida, o elevador parou e se abriu. Ariana teve uma sensação horrível de voltar para trás. Estava de volta na mesma sala da nave onde viajou.
A mesma sala decorada com temas clássicos de uma humanidade há muito perdida em relação a seu tempo. Vermelho e dourado era o que mais se via por ali, o que era estranho, já que as cores oficiais dos dobradores da terra e seus superiores, sempre foram verde e marrom.
Aiizac soltou a mão de Ariana e se adiantou à mesa, apertou uma série de locais na superfície da mesa lisa e Ariana começou a ouvir uma série de estalidos. Aiizac ergueu os olhos acima de Ariana, e quando ela olhou para trás, viu uma escada em espiral e um andar acima com algumas portas.
- Seu quarto é na porta da direita - disse Aiizac, seguindo para a escada com Ariana -, o meu, à esquerda, e no meio, há um banheiro.
Com sua mente extremamente veloz, Ariana pensou e disse:
- Então eu terei de ficar aqui mesmo. Tudo bem tio Aiizac, eu confio em você. Mas agora que estamos aqui, será que você poderia me explicar o que aconteceu desde que você chegou na minha casa?
Aiizac sentiu um leve soco no estômago, tanto por causa de Ariana ter uma mente tão evoluída para uma criança de 6 anos, quanto pelo fato de ela se referir a ele como "tio", e isso, era algo que o incomodava. Apesar disso, Aiizac disse:
- Muito bem então, temos tempo até o jantar, e eu realmente lhe devo algumas explicações. Bem, primeiro eu fui buscá-la por que você ganhou um curso aqui em Aizenora. Em segundo, quanto a todo esse silêncio, é para que ninguém mais saiba disso, entendeu? E por último, quanto aos ataques, são apenas coisas comuns que acontecem quando nós vamos buscar uma convidada tão especial quanto você, Ariana.
Aiizac terminou de falar e ao mesmo tempo pensou: "É isso: simples e convincente. Ela não precisa saber de tudo, pelo menos, não ainda".
Ariana ouviu com atenção e concordou com a cabeça. Estava convencida. Subiu para o quarto, e se deparou com um quarto requintado, cheio das coisas que nunca teve em Mohria. Apesar de surpresa, como ainda era uma criança, logo já estampou um sorriso no rosto e começou a vasculhar o quarto para saber de que acervo dispunha nesse momento. Logo encontrou materias para jogar Quartz, seu jogo favorito, bonecas, jogos, livros, entre outras coisas.
Aiizec bateu em sua porta e entrou com uma caixa na mão. Viu ela pulando na cama nova, e depois de escancarar um sorriso maior do que o de Ariana, disse:
- Tudo bem, eu só trouxe uma coisa para você. Era de sua mãe.
Ao dizer isso, o constrangimento por ter sido pega em flagrante transformou-se em curiosidade e espanto. Curiosa como era, desceu logo da cama e correu para Aiizac, estendendo as mãos. Quando pegou a caixa nas mãos, sentiu um calor a invadir, como se alguem a abraçasse. Abriu a caixa e se deparou com um cordão e um pingente dourados. O pingente tinha uma face com um trinco no meio, um lado era de um dourado claro, quase branco, e o outro uma cor escura, quase que encardida. Aiizac o pegou e colocou no pescoço de Ariana, e disse:
- Tem um significado muito especial. Sua mãe me disse que servia para se lembrar de que tudo tinha dois lados, nada no mundo era completamente bom ou mal, claro ou escuro, gostoso ou ruim, tudo afinal, era a dosagem  certa das duas energias: o bem e o mal. E agora isso vai servir bem para você aprender muita coisa aqui em Aizenora. Vai aprender a dobrar o mundo em suas mãos, e tudo o que tem que fazer e tem de se lembrar é isso: Dosar o bem, assim como o mal.
Ariana ainda se mostrava fascinada com o fato daquela jóia ter pertencido à sua mãe, de quem não herdara nada, e com as palavras de Aiizac, tudo se tornaca mais interessante. Aiizac terminou por dizer:
- Agora vamos, você tem de tomar um banho para podermos jantar.
- Tudo bem, e, obrigado tio, eu adorei o presente.
Ariana era muito diferente de qualquer menina de sua idade, muito teimosa, curiosa, complicada, mas acima de tudo, era muito educada, e mostrava isso muito bem.
Depois de tomar o banho, Ariana escolheu a própria roupa e desceu para a sala. Aiizac acabara de conversar com um rapaz de branco que saia pela porta à esquerda, quando virou-se e viu Ariana. Tamanho foi o orgulho de Aiizac naquele momento, que novamente estampou um sorriso meio desajeitado no rosto, e disse:
- Nossa, que mocinha crescida, já escolheu a própria roupa!
- Você gostou, tio?
- Imagine, claro que sim. Mas desca aqui que eu preciso falar uma coisa com você.
Ariana desceu rápido e curiosa, e quando chegou ao pé da escada, Aiizac disse:
- Muito bem, nós vamos comer com os outros alunos de Aizenora, e você sentará comigo na mesa da frente. Assim vai ser todos os dias em todas as refeições, tudo bem?
Ariana assentiu, e Aiizac continou:
- Lembre-se de só conversar com quem eu disser que você pode conversar. Agora vamos.
Ambos sairam pela porta e agora iriam comer um dos banquetes de início de ano em Aizenora.

O que aguarda por Ariana em seu primeiro banquete em Aizenora? Por que, mesmo depois de tanto tempo e tantos acontecimentos, Aiizac ainda assim parece manter segredo sobre algumas coisa para Ariana? Vamos descobrir isso e muito mais, nos próximo capítulo de A Sentinela de Aizen...