quinta-feira, 12 de novembro de 2009
VIII >> Nova casa, nova vida...
"Meias verdades ainda são mentiras inteiras..."
Ao descer e pôr seu pé em terra firme, notou que ainda estava em uma redoma. O helioporto de Aizenora era um cubículo redondo, e o mais incrível, era o fato de apesar de pequeno, comportava todas as SETAs, as naves do Serviço Especial de Transporte Aéreo, de Aizenora. Tudo aquilo comandado pelo Mago do Ar, Milo, que agora descia ao seu lado. Aiizac ainda se mantinha agarrado em sua mão e a guiava até a saída, quando um homem baixo, gordo, com uma capa verde musgo extremamente escandalosa correu ao seu encontro, e apesar de ser o seguinte no comando abaixo de Aiizac no comando do maior exército de Aizenora, o exército de dobradores de terra, Mongo era muito ansioso e alarmado. Todos diziam que era por causa das seguidas ameaças de destruição de Aizenora, que era responsabilidade do exército da terra combater.
Mongo estava ofegante como sempre, e disse aos sopros:
- Aiizac... precisa correr... ataque na ala leste... pensei que... vocês estivessem...
Mas antes de acabar, Aiizac o interrompeu:
- Fique calmo Mongo, estávamos lá sim, fomos atacados, mas estamos todos bem. E agora se puder me dar a licença, estou com um pouco de pressa.
E com isso deixou Mongo para trás, entrando por uma porta que se continuava por um corredor na penumbra. Andaram muito e logo depois Aiizac parou, estendeu a mão no ar, e uma porta se abriu, por onde ele e Ariana entraram. Aiizac apertou um botão e a porta se fechou. Com um soco, Ariana sentiu que estavam subindo. Era afinal um elevador.
Depois de uma longa e tortuosa subida, o elevador parou e se abriu. Ariana teve uma sensação horrível de voltar para trás. Estava de volta na mesma sala da nave onde viajou.
A mesma sala decorada com temas clássicos de uma humanidade há muito perdida em relação a seu tempo. Vermelho e dourado era o que mais se via por ali, o que era estranho, já que as cores oficiais dos dobradores da terra e seus superiores, sempre foram verde e marrom.
Aiizac soltou a mão de Ariana e se adiantou à mesa, apertou uma série de locais na superfície da mesa lisa e Ariana começou a ouvir uma série de estalidos. Aiizac ergueu os olhos acima de Ariana, e quando ela olhou para trás, viu uma escada em espiral e um andar acima com algumas portas.
- Seu quarto é na porta da direita - disse Aiizac, seguindo para a escada com Ariana -, o meu, à esquerda, e no meio, há um banheiro.
Com sua mente extremamente veloz, Ariana pensou e disse:
- Então eu terei de ficar aqui mesmo. Tudo bem tio Aiizac, eu confio em você. Mas agora que estamos aqui, será que você poderia me explicar o que aconteceu desde que você chegou na minha casa?
Aiizac sentiu um leve soco no estômago, tanto por causa de Ariana ter uma mente tão evoluída para uma criança de 6 anos, quanto pelo fato de ela se referir a ele como "tio", e isso, era algo que o incomodava. Apesar disso, Aiizac disse:
- Muito bem então, temos tempo até o jantar, e eu realmente lhe devo algumas explicações. Bem, primeiro eu fui buscá-la por que você ganhou um curso aqui em Aizenora. Em segundo, quanto a todo esse silêncio, é para que ninguém mais saiba disso, entendeu? E por último, quanto aos ataques, são apenas coisas comuns que acontecem quando nós vamos buscar uma convidada tão especial quanto você, Ariana.
Aiizac terminou de falar e ao mesmo tempo pensou: "É isso: simples e convincente. Ela não precisa saber de tudo, pelo menos, não ainda".
Ariana ouviu com atenção e concordou com a cabeça. Estava convencida. Subiu para o quarto, e se deparou com um quarto requintado, cheio das coisas que nunca teve em Mohria. Apesar de surpresa, como ainda era uma criança, logo já estampou um sorriso no rosto e começou a vasculhar o quarto para saber de que acervo dispunha nesse momento. Logo encontrou materias para jogar Quartz, seu jogo favorito, bonecas, jogos, livros, entre outras coisas.
Aiizec bateu em sua porta e entrou com uma caixa na mão. Viu ela pulando na cama nova, e depois de escancarar um sorriso maior do que o de Ariana, disse:
- Tudo bem, eu só trouxe uma coisa para você. Era de sua mãe.
Ao dizer isso, o constrangimento por ter sido pega em flagrante transformou-se em curiosidade e espanto. Curiosa como era, desceu logo da cama e correu para Aiizac, estendendo as mãos. Quando pegou a caixa nas mãos, sentiu um calor a invadir, como se alguem a abraçasse. Abriu a caixa e se deparou com um cordão e um pingente dourados. O pingente tinha uma face com um trinco no meio, um lado era de um dourado claro, quase branco, e o outro uma cor escura, quase que encardida. Aiizac o pegou e colocou no pescoço de Ariana, e disse:
- Tem um significado muito especial. Sua mãe me disse que servia para se lembrar de que tudo tinha dois lados, nada no mundo era completamente bom ou mal, claro ou escuro, gostoso ou ruim, tudo afinal, era a dosagem certa das duas energias: o bem e o mal. E agora isso vai servir bem para você aprender muita coisa aqui em Aizenora. Vai aprender a dobrar o mundo em suas mãos, e tudo o que tem que fazer e tem de se lembrar é isso: Dosar o bem, assim como o mal.
Ariana ainda se mostrava fascinada com o fato daquela jóia ter pertencido à sua mãe, de quem não herdara nada, e com as palavras de Aiizac, tudo se tornaca mais interessante. Aiizac terminou por dizer:
- Agora vamos, você tem de tomar um banho para podermos jantar.
- Tudo bem, e, obrigado tio, eu adorei o presente.
Ariana era muito diferente de qualquer menina de sua idade, muito teimosa, curiosa, complicada, mas acima de tudo, era muito educada, e mostrava isso muito bem.
Depois de tomar o banho, Ariana escolheu a própria roupa e desceu para a sala. Aiizac acabara de conversar com um rapaz de branco que saia pela porta à esquerda, quando virou-se e viu Ariana. Tamanho foi o orgulho de Aiizac naquele momento, que novamente estampou um sorriso meio desajeitado no rosto, e disse:
- Nossa, que mocinha crescida, já escolheu a própria roupa!
- Você gostou, tio?
- Imagine, claro que sim. Mas desca aqui que eu preciso falar uma coisa com você.
Ariana desceu rápido e curiosa, e quando chegou ao pé da escada, Aiizac disse:
- Muito bem, nós vamos comer com os outros alunos de Aizenora, e você sentará comigo na mesa da frente. Assim vai ser todos os dias em todas as refeições, tudo bem?
Ariana assentiu, e Aiizac continou:
- Lembre-se de só conversar com quem eu disser que você pode conversar. Agora vamos.
Ambos sairam pela porta e agora iriam comer um dos banquetes de início de ano em Aizenora.
O que aguarda por Ariana em seu primeiro banquete em Aizenora? Por que, mesmo depois de tanto tempo e tantos acontecimentos, Aiizac ainda assim parece manter segredo sobre algumas coisa para Ariana? Vamos descobrir isso e muito mais, nos próximo capítulo de A Sentinela de Aizen...
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
VII >> Ataque pela maresia
"Os maiores desafios requerem os maiores esforços..."
- Ariana acorde, rápido.
- O quê?
- Vamos temos que sair daqui.
Ariana sentiu as mãos fortes de Aiizac a segurando, e quando foi abrindo os olhos, deu de cara com olhos muito verdes. Era tudo um sonho, o sonho que Ariana mais gostava, mas sempre alguém a acordava no melhor momento.
Ariana se pôs de pé e Aiizac já estendia sua mão para a parede a esquerda, quando uma porta abri no nada. Ariana despertou rápido, o peixe que havia almoçado estava lhe pesando um pouco no estômago. Aiizac estava nervoso.
- Vamos agora, estamos sendo atacados.
- Atacados? Por que?
- Por sua causa. Mas não se preocupe, já vamos acabar com isso.
Aiizac saiu pela porta e Ariana o seguiu. A nave era singularmente sem graça. Não havia nada dentro dela, era completamente branca. Uma visão, talvez do céu, ou algo parecido. Aiizac caminhou rápido e firme para a frente da nave, estendeu sua mão denovo no ar e um alçapão desceu do teto. Lá fora, Ariana enxergava o céu azul chapiscado de branco, que passava depresa. Aiizac subiu no alçapão e fez um sinal com as mãos como se estivesse levantando algo no ar, o alçapão subiu, e Aiizac sumiu por ele. Ariana ficou ali, parada sem saber o que fazer ou para onde ir.
Foi quando lhe veio a ideia de conhecer a nave. Começou a caminhar lenta pelo espaço branco e estendeu a mão no ar, como viu Aiizac fazendo. Nada. Tentou novamente, agora com as duas mãos como Aiizac tinha feito a pouco. Também nada. E então tentou o mesmo movimento, mas desta vez para baixo. Sentiu o chão se abrir sob seus pés e caiu. "Vou morrer" foi o que pensou. De repente parou no ar. Não sentia o vento passar por seu corpo. Olhou para baixo e viu o mar passando depressa, e quando olhou para cima viu o quadro por onde havia caído e acima a sala branca da nave.
De repente, viu passando ao seu lado muito rápido um homem vestido de preto. Quando chegou na parte da frente da nave, foi atingido por uma pedra, e logo depois Ariana viu Aiizac caindo em cima da pedra voadora. Aiizac saiu voando em cima da pedra, e passou ao seu lado direto para tras sem sequer ver Ariana na caixa invisível pendurada do lado de fora da nave.
Atrás de Aiizac desceu outro homem vestido de vermelho, e de seus pés, saiam duas tochas de fogo. Como um foguete, o homem de vermelho voou pelo ar mas diminuiu quando viu Ariana ali parada imóvel. Abriu um sorriso amarelo e seus olhos ficaram vermelhos, enquanto vinha em direção a Ariana.
Ariana entrou em desespero, não sabia o que fazer e agora não sabia para onde ir, nem como entrar denovo na nave, onde era seguro. Quando viu o homem chegando perto a única coisa que conseguiu fazer foi estender as mãos a frente, como que para parar o inimigo. Soltou um grito e quando abriu os olhos, não havia mais inimigo. Olhou estupefata para a sua volta e nada. A luta pareceu ter terminado. Aiizac apareceu ofegante no óculo da nave, estava exausto, pingando suor. Fez um gesto rápido no ar e Ariana foi levantada, e o buraco no chão desapareceu. Aiizac a pegou nos braços, olhou em volta e foi direto a parede, estendeu a mão, e quando a abertura da cabine apareceu, entrou rápido. Colocou Ariana com cuidado no sofá e disse apenas:
- Nem uma palavra. Fique aqui, eu já volto.
E saiu pela abertura e imediatamente a mesma se fechou às suas costas. Ariana respirou com mais calma agora, e enquanto se acalmava do susto, pensava se tinha aborrecido seu tio.
Depois de alguns instantes, Aiizac retornou, já mais descansado e arrumado, e disse:
- Vamos Ariana, já vamos pousar, quero que você troque de roupa.
Aiizac levou Ariana para uma sala anexa à cabine, e lhe deu uma troca de roupa. Quando Ariana estava prestes a colocar a muda, percebeu que era apenas um sobretudo preto simples, muito grosso, idêntico ao de Aiizac. Pensou consigo "mas o que é isso, agora ele quer que eu ande por ai com isso?". Como se Aiizac tivesse ouvido seus pensamentos, respondeu:
- Vamos Ariana, eu sei que não é muito bonito, mas você não pode ser vista lá fora.
Ariana se sentiu um pouco constrangida, mas colocou o sobretudo depressa, e logo que saiu, Aiizac pegou em sua mão e a levou para fora. Finalmente a viagem havia acabado. Ariana tinha muitas perguntas a fazer, mas a cada nova pergunta que adicionava em sua lista, se lembrava o que Aiizac dissera: "Não converse com ninguém, e só converse com quem eu disser que é confiável". Não podia deixar de pensar que isso era muito protetor, como sua madrinha Fêmora dizia tantas e tantas vezes, mas depois do que vira nos ultimos momentos, tinha certeza de que não era bem vinda, e era melhor ficar quieta.
Agora a rampa de desembarque descia para o chão e finalmente Ariana conheceria seu destino. Uma luz muito forte entrava na nave, uma luz mais forte que a da própria nave, e Ariana estava ansiosa e muito mais amedrontada pelo seu destino.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
VI >> Viagem pela Maresia
"Só devemos temer o que desconhecemos. Para o mais, questinar devemos."
- Seu prato favorito não é ? - perguntou Aiizac.
- Peixe com molho de laranja ?
- É sim. Sua madrinha me disse que gostava. Sente-se aí, já estou terminando. Você vai precisar comer bem, porque vamos fazer uma viagem um pouco longa até o continente.
- Obrigado. Vamos ir até o continente ?
- Sim.
- Eu pensei que nós fossemos até os helioporto branco.
- Vamos sim. E de lá, pegamos uma nave até o continente. Você não pode se atrasar para o ano letivo de Aizenora.
- Mas o que eu vou fazer em Aizenora ? Eu pensei que só os meninos mal-criados fossem para lá.
- Todos os meninos vão para Aizenora quando são recrutados.
- Recrutados para quê ?
Aiizac agora estava servindo o prato de Ariana com uma boa quantidade de seu peixe com molho de laranja, e depois de se servir, se sentou e disse:
- Ariana, eu tenho que lhe dizer algumas coisas antes de chegarmos ao helioporto branco. Primeiro: Lá estarão alguns homens de branco e outros de cinza, à nossa espera na nave. Haja o que houver, e perguntem o que eles perguntarem, você não pode nem deve conversar com eles.
- Eles são homens maus ?
- Não. Mas são muito curiosos, e não quero que você responda sobre coisas de que não tem certeza, ou pior, sequer sabe. Está bem ?
- Certo, mas com quem eu posso falar então ?
- Comigo. Daqui até Aizenora, e principalmente em Aizenora, você deve conversar APENAS com as pessoas que eu lhe disser que são confiáveis. Não fale sobre nada, nem sequer seu nome, nem onde estava ou estará.
- Mas tio...
- Tio ?
- É tio. a madrinha disse que você é meu tio, e disse que eu tinha que fazer tudo o que você mandasse.
- Certo, certo. Tio. Não gosto de tio, mas tudo bem. E sua madrinha está certa quanto a você ter de me obedecer, é para seu próprio bem. Verdade.
- Certo. Mas, por quê não podemos confiar em ninguém ?
- Não, eu não disse que não podemos confiar em ninguém. Só podemos confiar em quem EU disser que podemos confiar. Há muitas pessoas dizendo coisas sobre você que não são verdade. Não quero que você se complique.
Ariana ouvia tudo com atenção enquanto se deliciava com seu prato. "Está muito gostoso", pensava, "mais do que o da madrinha", e ao mesmo tempo sentia uma leve brisa do mar calmo entrar pela porta. Aiizac agora já tinha terminado seu prato, e disse:
- Bem, em segundo lugar, sua madrinha disse que você ficaria um tempo fora ?
- Disse sim, e aliás, quanto tempo, o torneio de Quartz vai começar logo.
- Sinto muito Ariana, mas você não vai jogar no torneio esse ano.
- Por quê ? Mas logo nesse ano que eu ia poder jogar ? Quanto tempo afinal nós vamos ficar fora ?
Ariana já fechou sua cara, e retrucou com um tom muito mal-criado. Qualquer um teria se irritado, mas não Aiizac, e ainda mais com A Sobrevivente. Aiizac fixou seus olhos incrivelmente verdes em Ariana e disse com a voz mais calma que pode encontrar:
- Ouça Ariana. Você vai ficar um ano em Aizenora, fazendo um treinamento intensivo, e depois vai treinar com alguns amigos meus.
- Mas treinamento para quê ?
- Não posso lhe dizer agora, mas logo você vai saber, agora, termine de comer, já estamos chegando ao helioporto.
Ariana voltou ao seu prato, que se não fosse seu preferido, não o terminaria. Tio Aiizac, como Fêmora disse para ela chamar o Mago da terra de Aizenora, fazia tudo para lhe agradar. Agora o barco diminuia a velocidade e parou. Desceram do barco, Ariana e Aiizac.
O helioporto branco de Mohria, era tudo, menos empolgante. Apenas um quadrado reto e branco em cima de uma ilha, mais nada. Ali adiante, estava uma nave cinza-prateada na forma de um C&M. Muito estranha para os olhos de qualquer um, mas o melhor que existia no mundo, e que Aizenora fazia questão de ter. Na porta estavam um senhor baixo e gordo, vestido de branco com suas mãos presas à cintura como sempre. Milo, o cehfe da ordem de Aiizac. Sábio, mas ainda assim, arrogante. Ao seu lado, estava um homem alto e magro, completamente o oposto de Milo, mas que também estava com a túnica branca. E enfileirados lado a lado em frente a porta, cinco soldados de cinza de cada lado. Simples, mas com olhares profundos e peculiares, mirando o distante. Como nossa querida Guarda Suíça do Vaticano. A mesma ideia simbolista.
Quando Aiizac e Ariana pisaram no chão, Milo veio ao seu encontro, e disse:
- Muito bem, A Sobrevivente!
Ariana se espantou com isso, olhou para Aiizac que segurava sua mão enquanto andavam firme em direção à nave, e como se nada tivesse acontecido, continuou seu caminho. Ultrapassaram Milo, os guardas, e o outro homem de branco. Entraram na nave, e que por dentro era muito menos interessante do que por fora: simplesmente não tinha nada. Tudo vazio, e branco. Aiizac continuou reto, e foi até a parede em frente, estendeu a mão e como mágica (ou tecnologia), uma porta surgiu, por onde entraram.
Lá era diferente, um camarote pequeno, com uma mesa ao centro, e além disso, Ariana estranhou, porque não se lembrava de ter visto janelas do lado de fora, mas lá, havia uma vista cristalina do mar. Quase parecia que não tinha nenhum vidro na janela.
A primeira coisa que Aiizac disse, quando largou da mão de Ariana e a deixou se sentar, foi:
- Eu disse que diriam coisas que não são verdade. Agora se sente e descanse, durma um pouco, e quando acordar, te explico melhor, aqui não é seguro.
Ariana se sentou e depois deitou, e no lugar do banco, apareceu por baixo dela uma cama, muito confortável, mais confortável do que sua cama em sua casa em Morhia.
Agora Ariana se encaminha para Aizenora, para um treinamento que não sabe bem para que servirá. Não há pessoas confiáveis à sua volta, tudo envolto em mentiras e segredos. Agora quando chegar ao seu destino, começará uma nova jornada, uma nova aventura, que não podemos dizer em que acabará. Não perca o próximo capítulo da saga de Ariana.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Feliz aniversário
Conheci esse cara por acaso, em mais uma das minhas andanças pela net, por indicação acidental da Miriam, outra pessoa muito importante na minha vida. Ela me disse: "Olha que legal o LAYOUT desse blog", e disso nasceu uma amizade muito bem-humorada.
Se eu tivesse que resumir o Diego em uma palavra, seria: Húmus. Isso mesmo, húmus. Aquele que todo mundo deve estar pensando: Húmus de minhoca. Mas no bom sentido, claro. Húmus, é do latim, que originou humor e humildade. E ele é sem dúvida isso mesmo. Humor e humildade. Parabéns pelos 200, ou melhor, tantos anos que nem eu mesmo sei, e que venham muitos mais de saúde, fartura, sexo, sucesso... e todas aquelas outras baboseiras que todo mundo fala nessas ocasiões.
Parabéns!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
V >> Evolução
”O tempo é o remédio para todos os males... (Sêneca)”
Nunca a humanidade foi tão pacífica, organizada, concisa. Todos os conflitos se acabaram. Todos os crimes, expurgados. Agora tudo o que reina é a paz.
O último mal foi derrotado. Aquele que conheciam como Lorde Vairon, último da linhagem de uma humanidade primitiva, arruinada, perdida em seu próprio ódio caótico. Ele quis reivindicar a nobreza de outrora, daqueles que se destruíram no passado. Mas claro, não posso contar como a história continua, sem contar como começa.
A humanidade que reinava sobre a Terra se consumiu em sua própria ganância de poder. “Criamos a cura para todos os males”, afirmavam eles. Uma cura para as doenças mais mutilantes, e macabras. Terminaram com o sofrimento, a fome, progrediram como nunca naquele tempo. Realmente admiráveis. Eles a chamavam de “Esperança de Pandora”, o último mal que existia na caixa de Pandora, a primeira mulher da humanidade. A cura era perfeita, curava desde os problemas psicológicos mais profundos, até o câncer. Perfeita, humana, falha. Gerou não apenas a felicidade, mas também o maior sofrimento de todos à sua raça. A Mutação consumiu os seus, e seus descendentes. Tudo consumido por sua criação.
Pouco a pouco morreram. Uns pelo ar, alergias profundas que começavam de repente e se aprofundavam a cada segundo. Poucos minutos eram suficientes para dissolver seus corpos e torná-los pó. Outros mutilados pelo sol, suas peles finas como seda, dissolviam-se a luz como cera. E com outros foi pior. Ao tomarem água, o solvente universal e fonte de toda a vida da Terra, dissolveu seus corpos de dentro para fora pouco a pouco, provocando dores lancinantes e intermináveis. Em suma, todos que tomaram a “Esperança de Pandora”, sucumbiram. A cura perfeita tornara-se a mais mortal e destrutiva arma de todas. A falha dos homens se transferiu para sua criação, e a vontade do homem de ser Deus, chegara a seu ponto final.
Mas a criação de Deus, falha e perfeita, feita para superar e se adaptar a tudo, superou sua própria falha. Poucos sobraram naquela época, mas suas proles superaram a deficiência, se tornaram mais resistentes. Não somente à falha humana da cura, mas também a todas as outras. Eram perfeitos, mas ainda humanos.
Em pouco tempo, os novos filhos do homem cresceram, se organizaram sobre as regras e bases da antiga humanidade. Mas não era o suficiente. “Os antigos”, como passaram a ser conhecidos os mutantes do passado, não se adequavam à nova humanidade, havia muitas diferenças entre eles. Os filhos da nova terra deviam se organizar de outra forma. Os antigos sistemas de governo não eram bons, tampouco os de educação, economia, saúde (como se eles precisassem), e enfim, tudo que os cercava era ultrapassado. Tomaram novos rumos, novas terras, novas pesquisas, novas tecnologias, um novo mundo. Isolaram seu passado em uma terra única cercada por muros, que chamaram de “Mort Trecut”, o passado morto. Além do muro, criaram uma vacina para esterilizá-los, impedindo sua reprodução, suas desculpas eram convincentes, seus objetivos, porém, mais humanos que nunca. “Para um bem maior”, diziam.
Criaram um novo sistema de governo, mais sólido e estável, mais democrático, que chamaram de Neo-Monarquia, com seus postos e suas leis. Um novo sistema de ensino, mais progressista, mais ordenado. Um novo país, e uma nova ordem. A Ordem. Seu conhecimento fez o mundo se regenerar. Recuperaram a natureza, o mundo fora recuperado das cicatrizes que os “Mort Trecut” deixaram. Eram admiráveis. Retomaram o mundo que era seu por direito e mérito.
Mas a criação ainda assim era falha, estava a cada geração retornando às suas origens mais primitivas. Queriam permitir uma igualdade total, e resolveram então se regenerar com os “Mort Trecut”. Resolveram abrir os portões. O que encontraram: apenas animais. Selvagens! Primitivos! Sua criação era se mostrava novamente falha. Sua vacina esterilizante, aliada à mutação constante da “Esperança de Pandora”, os fez regredir na evolução, das formas mais inusitadas e horrendas. Monstros! Abominações!
Dentre eles, surgiu um líder do passado. Lorde Vairon, era como se intitulava. A mutação não havia lhe dado a melhor das aparências, mas lhe deu poderes sobre-humanos. Não somente a ele, mas à Ordem também. Esse poder era conhecido como “A Dobra da Criação”. Dobrar e manipular os elementos da Terra como lhe convinham. E isso, os “Mort Trecut” e a Ordem com “A Dobra da Criação”, só poderia resultar em uma coisa: Guerra.
Muito tempo se passou desde o nascimento da “Esperança de Pandora”, da Grande Mutação, do muro dos “Mort Trecut”, e do nascimento da “Dobra da Criação”. A guerra ainda não terminou. E talvez nunca acabasse, se não fosse a pequena Sobrevivente. A sim, apenas uma criança. A mais forte de todas. A real “Esperança de Pandora”. Derrotou Lorde Vairon sem nenhum esforço. Incrível! Inacreditável! A pequena triunfou sobre o Lorde dos “Fastem-Imobilo”. Eles se amedrontaram, fugiram, e se refugiaram atrás dos muros novamente. Há seis anos a paz reina na segunda era da Ordem. Mas agora novos rumos começam a se formar, a paz começa a se tornar desconfiança, está calmo demais, e isso é inquietante. O Mago da Terra está buscando a Sobrevivente, que esteve em segurança, fora de vista por esses dias de glória.
Na evolução das espécies, só os mais fortes sobrevivem... Lorde Vairon, o perverso líder dos "Mort Trecut", nasceu da falha do homem em tentar ser Deus. Por ora derrotado. Sua maldade supera as linhas lógicas... Ele irá retornar. Quando? Como? Onde? Por que? Essas são perguntas que só poderemos responder na futura aventura de Ariana em Aizenora.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
IV >> A conversa com o estranho
"Nunca planeje o futuro antes de tê-lo nas mãos..."
Poucos passos depois, chegaram em frente a uma casinha simples, de fachada desbotada, tinta corroída pela maresia, quando Ariana se desvencilhou da mão quente de Aiizac, e correu para dentro escancarando a porta.
A casa era menor do que parecia por fora, e pouco iluminada. Uma sala-copa minúscula, com duas porta à esquerda, que davam no único quarto, que era dividido por Fêmora e Ariana, e um banheiro, enquanto à direita, dava na cozinha, de onde Fêmora imrrompeu limpando as mãos com uma expressão de preocupação.
- Madrinha - disse Ariana -, esse homem quer falar com você.
Fêmora tinha mantido os olhos em Ariana e não percebeu que estava acompanhada. Quando ergeu os olhos
para examinar a figura à luz tênue do dia, sua expressão mudou de "qual é a má notícia" para "com certeza é má notícia". Fêmora de endireitou, e disse:
- Olá Aiizac. Ariana, vá brincar lá fora um instante, nós vamos precisar conversar a sós.
Ariana era muito criança, muito teimosa, mas a única pessoa que mudava seu jeito era Fêmora. O que Fêmora dizia era lei. Não pestanejava nem argumentava, como fazia com as outras crianças. Simples, obediente. Também isso já era de se esperar, afinal, Fêmora era a única mãe que Ariana conhecia, e diga-se de passagem, cuidava muito bem dela, sem mimá-la, claro. Ariana saiu e a porta fechou. Passou por sua cabeça ficar atrás da porta fina e leve, para escutar a conversa, mas não ia fazer isso, "a madrinha não ia gostar", pensou, e realmente não era o que ela tinha aprendido. Mudou de idéia e resolveu assistir o jogo de Quartz no alto da ladeira, desta vez, apenas como espectadora.
Na pequena sala, Aiizac já se sentara à mesa, Fêmora tinha ido à cozinha pegar algo para beberem enquanto conversavam. Aiizac já tinha estado ali algumas vezes, mas ainda assim examinava cada centímetro procurando pistas por algum motivo qualquer, que não vale a pena comentar...
- Eu pensei que meninas não fossem obrigadas a fazerem o treinamento - disse Fêmora, quando vinha da cozinha.
- E não são - respondeu Aiizac -, mas eu gostaria que ela fosse treinada, só por segurança é claro.
- Você não me engana Aiizac - Fêmora disse, agora com convicção -, eu sei que nem que ela fosse um menino, você não iria metê-la na Ordem. Sei que você tem algum motivo muito forte para isso.
Aiizac baixou a cabeça um pouco e sorriu leve.
- Você me conhece melhor que a mim mesmo.
- Claro que conheço, eu te criei.
- Bem, eu ainda penso que a Ordem não é o melhor lugar para Ariana. Mas por ora, já é um começo. Depois eu a coloco em um treinamento mais avançado.
- Mais avançado? O que você está sugerindo, criá-la para derrotar Lord Vairon, se é que ele ainda está vivo?
- Ele está vivo - disse Aiizac, com um leve tom de impaciência, e ele já estava acostumado a esse ceticismo, por que ultimamente, ninguém colocava muita confiança nele.
- Você acha que ele está vivo, ninguém ainda o provou.
- Não vamos discutir isso, eu vim aqui para levar Ariana, e não discutir meus motivos.
Ao mesmo tempo que a conversa vinha se desenrolando, ninguém havia tocado nos copos que Fêmora havia trazido.
- Tudo bem então. Sei que não vou conseguir mudar sua ideia. Vamos procurá-la e preparar as malas. Mas me diga Aiizac, ela vai completar daqui a duas semanas, você não poderia deixá-la mais um pouco?
- Sinto muito Fêmora, não há tempo.
- Mas ela me pediu que preparasse uma pequena festa de aniversário, e já está quase tudo pronto. Deixe-a ficar, e daqui a 15 dias você vem buscá-la.
Aiizac suspirou, fechou os olhos sentindo o peso do pecado que estava comentendo. Ela era uma criança, mal tinha chegado aos 7 anos, ia ter sua primeira festa de aniversário. Abriu os olhos, tomou sua bebida de um gole só, e disse, em tom de funeral:
- Vou levá-la hoje. Vá buscá-la.
Fêmora repetiu o gesto da bebida, pôs o copo na mesa que os separava, e saiu pela porta, procurando Ariana, e logo desconfiou que estaria na praça, já que era seu lugar preferido para brincar.
Quando chegou lá, Ariana a viu, e veio logo.
- Vamos descer para casa, você tem que aprontar suas malas.
- Mas agora? O jogo de Quartz ainda não acabou.
- Pra onde você vai, poderá jogar muito Quartz.
Logo Ariana e Fêmora estavam em casa, arrumando as malas, e Ariana, o tempo todo fazendo seu interrogatório habitual, sem entender nada. Dali a pouco, já estavam no cais, subindo no barco de Aiizac. Fêmora mostrava tristeza em seu semblante, como se nunca mais fosse ver Ariana.
À medida que o barco rumava para alto-mar, Ariana admirava Mohria, confusa com os últimos acontecimentos, enquanto enxergava Fêmora, sua madrinha, diminuir e se disolver à distância. Já era mais ou menos meio-dia, ainda não tinha almoçado, seu estômago começava a doer, quando Aiizac veio chamá-la para o almoço. Ela tinha de ir, fosse pela fome, fosse pela curiosidade de saber o por quê de tudo aquilo estar acontecendo.
Novamente um agradecimento à Miriam, pela indicação do selo "vale a pena ficar de olho nesse blog", e a todos que estão acompanhando esta história.
Para onde Aiizac a está levando? Que treinamento é este, e por que, logo na véspera de sua primeira festa de aniversário? Descubra qual o motivo para Ariana ser arrancada de sua casa, tão nova e as vésperas de sua primeira festa de aniversário, no próximo capítulo: "A Ordem".
sexta-feira, 17 de julho de 2009
III >> O tropeço com o estranho
"Dentre os desconhecidos, existem aqueles que mudarão nossas vidas..."
Ariana, era uma menina pequena, meio franzina, mas muito esperta, e estava por se meter no jogo de quartz dos meninos de sua vila em Mohria. Ariana se relacioava bem com os meninos, já que só fazia coisas de menino, como jogar bolas, lutar, jogar quartz (que era seu jogo favorito), e ainda por cima, era cúmplice de outros garotos na hora de atazanar as outras de seu gênero. Ela mesma não sabia de seu passado, isso não pela atuação da Ordem, mas pela atuação de sua madrinha, Fêmora.
Ariana tinha crescido, mantinha seus cabelos louro-prateados que chegavam até a cintura, e reluziam ào sol, muito desgrenhados e sujos. Era relamente baixa, e com olhos de ressaca, muito dissimulada e discurssiva (não parava de falar, enquanto não conseguia o que queria, como uma autêntica criança de 6 anos...). E entre os garotos, em uma discussão quase aos berros ao lado de uma pequena fonte numa praça, ela no centro do círculo de garotos entroncados, a discursar como uma ministra-lord da cúpula de Aizen:
- Eu vou entrar no time sim, porque vocês estão precisando de mais um jogador e eu sou ótima neste jogo! - disse Ariana, com uma voz grave mas ainda assim, angelical de uma menininha de seis anos.
- Não vai não - disse um garoto alto e moreno na sua frente -, você não vai jogar.
- Por que não?
- Nõs somos bem maiores que você e vamos acabar te machucando. Além disso eu não quero mais sermões da tia Fêmora por te esfolar.
- Deixe ela se esfolar pra valer Junto - disse um outro menino gordinho às costa de Ariana -, assim ela vai aprender a não se meter no time dos outros.
- Não se meta na conversa Sitio - disse Ariana, virando de repente e enpunhando seu indicador no rosto do menino gordinho, que diga-se de passagem, era quase o dobro da altura dela -, nós não te chamamos pra dar opinião nenhuma!
- Já chega vocês dois - disse Junto -. Ariana, você não vai jogar e ponto final. Quanto a vocês todos, vamos jogar logo!
Ariana pestanejou, cruzou os braços, bateu os pés e gritou, como uma autêntica criança que não consegue o que quer:
- Isso não é justo!
Vendo que sua manha não tinha resultado em nada, virou e começou a descer a ladeira até sua casa, para "requerer seus direitos", como ela dizia. E o mais incrível era isso: uma criança de seis anos que sabia "requerer seus direitos". Com certeza, Ariana era um prodígio, com muitos talentos para o mal, é claro, mais ainda assim um prodígio.
Chegando ao pé da ladeira, correndo, deu de sopetão que a fez virar pra cima. Caiu, mas o estranho poste com quem tinha trombado a pegou a tempo de não bater de cabeça no chão. O estranho disse em uma voz grave e paterna:
- Você não deveria andar por ai correndo, menininha.
Ao ouvir isso, Ariana disparou seu instinto mais agressivo: não suportava que ninguém a chamasse de "menininha". Abriu um olhar azul de predador, fixou os olhos muito verdes do estranho, que estavam meio perdidos em seus cabelos muito negros à luza do sol, e disse em um tom muito mal-criado:
- Não sei aonde você está vendo uma menininha!
- Nossa, que menina nervosa - disse o estranho.
- O que você está fazendo no meu caminho, afinal?
O homem que estava com um sobretudo preto simples embaixo daquele sol de meia estação, a pôs de pé e disse:
- Calma, eu só vim visitar uma amiga, ela se chama Fêmora, você a conhece?
- Ela é minha madrinha - com uma mudança súbita de expressão, que passou de prepadora para protetora -, por quê, quem é você?
- Sou um velho amigo dela, me chamo Aiizac.
Aiizac, finalmente retornara de seu exílio, e agora estudava Ariana com uma expressão de muita curiosidade. Como alguém que visse algo inacreditável, e que afinal era verdade, pois ele tinha deixado Ariana quando era apenas um bebê.
- O que você quer com ela?
- Apenas conversar - disse Aiizac em um tom muito calmo -, mas me diga, você é Ariana, não é?
- Como sabe meu nome?
- Vamos até sua madrinha, e lá eu te explico tudo.
Aiizac a pegou pelo braço, e foram juntos caminhando até uma casinha ali perto, muito simples, e velha, e Ariana, como a criança curiosa que era, já disparava um olhar penetrante em Aiizac, enquanto caminhavam, ao mesmo tempo que disparava várias perguntas que Aiizac respondia apenas com um sorriso.
Tudo estava por mudar para Ariana a partir daquela conversa entre Aiizac e Fêmora.
E um agradecimento especial ao Diego, pela divulgação do blog. Vou retribuir o favor, Janjão! Visitem http://janjaocomics.blogspot.com/!
E claro a Miriam pela força, e pela revisão ortográfica. Não existe professora de português melhor!
Descubram qual foi a conversa entre Aiizac e Fêmora que mudou a vida de Ariana no próximo capítulo!